quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A Viagem que nunca farei

   Quanto mais cresço, mais me apercebo que não devemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje, e em alguma altura da vida já todos nos debatemos com isto!
   Embora este provérbio popular português nos queira dizer que não vale a pena adiar o que tem de ser feito, para não acumularmos coisas nem nos tornarmos preguiçosos, podemos aplicá-lo noutras vertentes.
   Na minha modesta opinião, estamos cada vez mais acomodados com o que temos. Desejamos muito, cumprimos menos e sonhamos alto, mas não realizamos metade... mais tarde, com as mãos na cabeça e o tempo esgotado, pensamos que devíamos ter ido e aproveitado, agora já não dá, já não temos tempo, devia ter sido mais cedo e podíamos ter feito.
   É urgente fazermos, mas é principalmente obrigatório falarmos e cuidarmos...antes que seja tarde demais e amanhã já não valha a pena!
   Há uma série de coisas que podemos fazer ou dizer amanhã, é um facto, mas há tantas que se foram com o tempo e que infelizmente não nos é dada uma segunda oportunidade, e essas não devemos deixar para amanhã!
   Embora seja nitidamente um cliché, a época Natalícia faz com que a maioria reflita sobre atitudes, pensamentos e faça projetos para não repetir erros cometidos anteriormente. É nesta altura que todos nos enchemos deste espírito de colaboração, bondade e amor ao próximo! Devíamos ser sempre assim pois claro! Mas haja alguma altura do ano que, vá-se lá saber porquê, se iniciam uma série de campanhas de solidariedade e nós próprios (dentro de casa, no trabalho, na família e com os amigos) ficamos mais sensíveis aos outros.
   Gostava de ter algumas oportunidades para voltar atrás e dizer algumas coisas que não disse, ou fazer outras tantas coisas que não fiz. 
   Neste momento penso muito no que poderei fazer e no que quero fazer. Sonho bastante, planeio viagens e tento não adiar coisas urgentes. Mas há uma viagem que nunca farei, por mais voltas que o mundo dê e por mais planos que faça.
   Existem coisas que por mais que sejam o maior desejo do mundo, não as conseguimos ter. Oportunidades, quero eu dizer! Perdi muitas, aproveitei outras e espero ter mais e não as deixar escapar.
     Devemos aproveitar sempre as oportunidades que temos para demonstrar, respeitar, admirar, olhar, cheirar, falar, abraçar e registar o melhor de todos aqueles que não devemos passar para segundo plano... porque não devemos deixar para amanhã as oportunidades que temos hoje.


    A minha mãe foi uma oportunidade que não existiu, e por isso não considero que tenha pena de não conseguir recuperar um caminho que não pude percorrer! 
     Era bonita a minha mãe, não foi tão alegre como devia... não teve oportunidade, nem escolha!
     Sei muito sobre ela, mas não sei o suficiente!
   Em jeito de conselho a quem tem oportunidade de percorrer caminhos e viagens bonitas, não deixem para amanhã o que podem fazer e dizer hoje! Aproveitem o Natal para pensar que todos os dias há alguém que merece a nossa atenção... amanhã pode ser tarde, por falta de tempo ou por outro motivo qualquer!


    A minha mãe é a viagem que nunca fiz e que infelizmente nunca farei! Mas nem por isso deixo de  a ter presente em sonhos, fotografias e conversas. Lamento não olhar para ela e dizer hoje o que não pode ser adiado!
    Que esta época faça com que cada um viaje mais, agradeça mais, aproveite mais e reclame muito menos!


Por aí com amor e contigo...

Teresa Martins
     

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