sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A Costa Vicentina numa carrinha

12.08.2016 a 24.08.2016


   Há muito tempo que gostava de percorrer a Costa Vicentina de forma a poder usufruir de tudo o que fui ouvindo e lendo acerca das praias e dos locais típicos portugueses que o nosso país oferece.
   A melhor decisão deste verão foi "fazermo-nos à estrada" (os três) numa carrinha, sem horários de check in/check out, hora de pequeno almoço, hora de seguir viagem ou permanecer mais um ou dois dias no mesmo sítio.
   A preparação de toda a logística foi engraçada e cansativa, mas sem dúvida muito produtiva!
Saímos de casa ao fim do dia (já bastante tarde para o que tínhamos programado) e fizemos a primeira paragem no Baleal, em Peniche. Estacionámos a carrinha mesmo em frente ao Danau Beach Bar na praia do Baleal e ainda tivemos tempo para beber um café, ouvir música e apreciar os passos de dança incríveis dos estrangeiros que por ali estavam.
   Por sorte, de manhã, embora o Danau estivesse encerrado, conseguimos encontrar um wc aberto uma vez que mesmo ali ao lado existem algumas lojas de souveniers, escolas de surf e diversos cafés/restaurantes que abrem relativamente cedo (o único problema foi a carrinha não ter casa de  banho).
   O Baleal é uma zona muito procurada, nomeadamente por surfistas de todo o mundo e foi lá que surgiu a primeira escola de Surf de Peniche em 1993 - Baleal Surf Camp.
  Passámos o dia na praia e almoçámos num dos restaurantes mais próximos (bastante caro por sinal, não estivéssemos nós, em pleno Agosto, num sítio bastante turístico).

Praia do Baleal
 
   Continuámos a viagem ao fim da tarde e parámos na Ericeira. Tentámos encontrar o melhor "spot" para estacionar a nossa "casa ambulante", comprámos uma toalha de plástico para a mesa improvisada, umas tigelas de plástico, uns panos de cozinha e mais uma ou outra coisa que nos falhou na lista de "tralhas" que devíamos ter levado, e fizemos o jantar (bifes de perú grelhados com batatas fritas). Ah pois! Não faltava nada na nossa carrinha. Cama, fogão, caixas com roupa, comida, fatos de surf, pranchas, enfim. Arrumar tudo ali dentro era todos os dias uma aventura, mas como tinhas tudo tão bem estudado (como quase sempre), correu como esperávamos e percebi mais uma vez que trabalhamos bem em equipa!

Casa montada na Ericeira
 
   Depois do jantar, fomos até ao centro dar uma volta de reconhecimento! 
   A Ericeira é uma vila turística do concelho de Mafra e, segundo a lenda, o nome deriva de "terra de ouriços" por causa dos ouriços do mar que existiam em grande quantidade, mas na verdade, investigações mais recentes dizem que o inspirador do nome é o ouriço-cacheiro. Não será por acaso que um dos doces típicos da região se chama Ouriço da Ericeira.
   A Vila é muito bonita (mesmo de noite). Encontrámos as ruas cheias de pessoas, música, lojas abertas e até bailaricos de verão, o que tornou o nosso passeio ainda mais agradável, mas como a ideia era acordar cedo para aproveitar a praia e as ondas, fomos descansar.
 Infelizmente a manhã seguinte estava fresquinha e decidimos ir a Mafra visitar uns familiares e passar pelo convento só para registar!

Palácio Nacional de Mafra
 
   O Palácio-Convento Nacional de Mafra, é enorme e bonito. É um edifício que começou a ser construído em 1717 no reinado de D.João V e tem uma igreja, um palácio e um convento. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e foi finalista  na iniciativa Sete Maravilhas de Portugal em Julho de 2007.
   Estivemos por ali pouco tempo e conseguimos presenciar a saída de uns noivos e a entrada de outros, pelos vistos, casamentos ali é sempre a abrir!!!
   Depois de mais uns kilómetros, chegámos a Tires ( Concelho de Cascais), onde nos esperava a minha irmã e o meu sobrinho. A propósito disso, já te disse que adoro estes encontros e que faças parte da minha família? :)
   Tomámos banho, jantámos... e não deu para mais! Descansar é fundamental, mesmo nas férias, e nisso és perito, em adormecer quero eu dizer. Gostava de adormecer com a mesma facilidade que tu, mesmo sendo o sítio mais desconfortável de sempre! Invejo-te isso... e outras coisas, mas essas tu vais-me ensinando, é pena eu não aprender a adormecer em segundos!
   Continuámos o nosso caminho no dia seguinte, de coração um bocadinho mais cheio e o corpo mais ou menos recuperado (fruto de uma noite tranquila num colchão normal) e parámos em Sesimbra, uma Vila que pertence ao Distrito de Setúbal onde podemos encontrar a foz do Rio Sado, a Serra da Arrábida e o Cabo Espichel, não ficámos muito tempo mas assistimos a uma procissão no mar, tirámos umas fotografias e tivemos tempo para comer caracóis.

Sesimbra
 
   A ideia era dormirmos algures perto do Portinho da Arrábida, mas como já era tarde e a Serra de noite não é muito convidativa, continuámos até encontrar, por acaso, o EcoParque do Outão que fica a 3km de Setúbal. Foi uma sorte, uma vez que é um parque bastante recente e não está muito divulgado, estando neste momento preparado para receber apenas auto-caravanas. Pagámos 6 euros e tínhamos as condições necessárias para pernoitar, pelo menos com casas de banho e chuveiro.

EcoParque do Outão
Casa montada no EcoParque do Outão - Setúbal
 
   No dia seguinte, seguimos para Setúbal onde apanhámos o ferrie para Tróia. Pagámos cerca de 25euros (três passageiros e a nossa "casa"). A viagem demora cerca de 25 minutos e é agradável, pelo menos nesse dia, apesar do vento normal que se sente quando se viaja de barco.

Ferrie Setúbal - Tróia
Ferrie Setúbal - Tróia
 
   Nunca tinha estado em Tróia e confesso que fiquei bastante surpreendida. Parece uma cidade à parte com características muito urbanas e diferentes do que tínhamos visto até ali. Faz parte do Concelho de Grândola e é conhecida por ser uma zona turística e desenvolvida, com uma praia muito bonita...e confirma-se!

Praia de Tróia

  Depois tentámos parar na praia da Comporta, mas estava o verdadeiro kaos, não dava para estacionar, e mal se circulava, portanto continuámos sempre a descer até à praia da Costa de Santo André. Estava mais calma e conseguimos dormir uma sesta (os três).
   A próxima paragem foi em Sines. Não achámos nada de especial, nem mesmo o centro, embora a zona junto à praia seja bonita. Além disso precisámos mesmo de parar para ir à casa de banho se bem me lembro! Ainda em Sines corremos tudo à procura de um íman para a nossa coleção, e um dedal (também começámos a fazer coleção) e nem isso conseguimos por estar tudo fechado.
   Fica a foto em frente aos WC's municipais, para mais tarde recordar :) !

Sines
   
     Ao fim da tarde demos um mergulho em SãoTorpes. 
   "A água é quente!" dizias tu, "Pois, água do mar, quente." - pensámos nós. Não que alguma vez duvidássemos de ti, nunca nos deste razões para isso, muito pelo contrário, mas água quente... no mar? 
   Qual não foi o nosso espanto, meu e da Inês, quando percebemos que de facto a água estava quente, quente tipo morna nas torneiras de casa, incrível! Fora da água um vento fresco, dentro de água parecia que estávamos numa banheira gigante! A vontade de sair era pouca!
   Além do pôr do Sol lindíssimo, a água é a menos poluída da zona e a temperatura da água é o resultado da proximidade do sistema de arrefecimento da central térmica. Ainda pensámos ficar ali para o dia seguinte, mas preferimos continuar.

São Torpes
 
   Acabámos por ficar em Porto Covo, uma freguesia situada no Concelho de Sines com praias maravilhosas que em 2015 foram consideradas das 10 mais belas praias do mundo pela edição francesa do "The Huffington Post". Encontrámos um sitio para estacionar estratégicamente a nossa carrinha, fizemos o jantar ( nesse dia aquecemos comida que a minha irmã nos tinha dado) e fomos conhecer a aldeia.
   Durante toda a viagem encontrámos muitas pessoas em auto-caravanas, carrinhas ou mesmo carros, a percorrer a costa da mesma forma que nós. Percebi que felizmente ainda há muita gente com espírito aventureiro, e que aproveitar a vida da melhor forma está nas pequenas coisas que se tornam grandes pelas experiências que temos, sem precisar de grandes luxos. Ensinas-me isso todos os dias!

A cozinhar em Porto Covo
A comer em Porto Covo
 
   Como não conseguimos comprar todos os "recuerdos" nessa noite, decidimos voltar ao centro de Porto Covo na manhã seguinte para de seguida passarmos na famosa Ilha do Pessegueiro.
   A vista para a Ilha do Pessegueiro é considerada uma das mais bonitas da região. Além de podermos ver os limites da ilha pode também avistar-se o Forte de Santo Alberto do Pessegueiro mais conhecido por Forte do Pessegueiro. Do lado da praia existe o Forte de Nossa Senhora da Queimada.

Vista para a Ilha do Pessegueiro
 
   Ao longo do caminho  usufruímos de paisagens lindíssimas. De facto a Costa Alentejana é muito convidativa, pela sua beleza, pela temperatura, pela cor do mar, pelas estradas de terra batida, pelas casas típicas e pelas pessoas diferentes com que nos vamos cruzando.
  Parámos em Vila Nova de Mil Fontes (Concelho de Odemira) e decidimos , desta vez, ficar num parque de campismo. Ficámos no Camping Milfontes e pagámos cerca de 15 euros.

Camping Milfontes
 
   No dia seguinte acordámos cedo e seguimos viagem para Almograve, Zambujeira do Mar, Azenha do Mar, Odeceixe e finalmente Aljezur.
   Em Aljezur ( Distrito de Faro) ainda passámos da Praia do Monte Clérigo e na Praia da Arrifana, depois decidimos jantar no Restaurante Geração III (esperámos cerca de 1h30) e ficámos a pernoitar no Parque de Campismo do Serrão ainda em Aljezur (pagámos à volta de 25euros ).

Aljezur
 
   No dia seguinte continuámos a descer a costa e passámos a manhã na Praia do Amado, na Carrapateira. Esta praia é bastante tranquila e conhecida por ondas com tamanho menor quando comparadas com as da Ericiera ou Peniche e por isso é muito frequentada por praticantes de surf e bodybord (existem, no local, escolas que alugam pranchas). Foi também nesta praia que encontrámos uma grande quantidade de auto-caravanas.

Praia do Amado
 
   Seguimos até Sagres, para nos encontrarmos com uma amiga de todos os dias! Fomos à praia da Mareta que tem boas condições para a prática de Surf. É uma praia com bandeira Azul e abrigada pelo Cabo de Sagres.  A sorte de ter bons amigos fez com que pudéssemos tomar um banho quente em Sagres e ainda tivemos um jantar bastante agradável no restaurante Armazém. Depois fomos dormir na nossa auto-caravana improvisada e na manhã seguinte ainda passámos na Fortaleza de Sagres.

Praia da Mareta - Sagres
Fortaleza de Sagres
 
   Seguimos para a Praia da Luz, não podíamos perder nenhum raio de sol! Mais tarde fomos a Lagos que além de ser sede de Município com cerca de 18 500 habitantes está historicamente ligada aos Descobrimentos Portugueses. Havia bastante movimento e ainda demos um passeio  por lá (e gastámos mais uns trocos).

Lagos
 
   De seguida fomos à praia de Alvor e ao fim do dia fomos a Ferragudo ao encontro de um amigo de longa data, que nos ofereceu estadia ( e que veio mesmo a calhar). Conversámos muito, jantámos na Pizzeria Delizia e descansámos para no dia seguinte chegarmos cedo ao Slide&Slash que fica na cidade de Lagoa, Distrito de Faro.
   Foi um dia emocionante! A Inês teve companhia para andar em todos os escorregas! Pagámos cerca de 70 euros (os três), mas levámos comida uma vez que comprar lá dentro era o dobro do preço.

Slide&Splash
 
   Completamente rotos, continuámos a viagem até Albufeira (Distrito de Faro). Ficámos por lá duas noites, uma no Parque de Campiso "O repouso", e a outra noite ficamos com a Cristina e com o Nuno que também estavam por lá de férias.
   Mais uma vez ficou provado que ter amigos é essencial e aquece-nos o coração!!! Jantámos juntos, e ainda fomos a Vilamoura, pusémos o resto da conversa em dia e passámos um bom bocado com quem realmente gosta de nós, que é o que mais importa!

Esculturas de areia em Albufeira
 
   Quase a terminar esta nossa viajem pela Costa Vicentina ainda fomos à Praia da Rocha Baixinha, mais conhecida por Praia dos Tomates. Tem uma enorme falésia que começa  na Praia da Falésia e termina na Praia de Vilamoura, e é ótima para nadar porque não tem rochas nenhumas no mar.                Aproveitamos para passar lá algum tempo e levámos as pranchas.

Dois desportistas e um desconhecido da Praia da Rocha Baixinha
 
   Estivemos 12 dias em viagem... regressámos cansados, com muita roupa para lavar, morenos, felizes e prontos para outra! Foi tudo incrível e ficou ainda muito por conhecer! Com ou sem "casa ambulante"!



Ansiosa pela próxima viagem por aí, com amor... e contigo!


Teresa Martins








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